'Se o mundo acabar hoje, eu morro feliz': a jornada selvagem de Jailton Almeida dos sonhos fracassados ​​do futebol ao estrelato no UFC

Jailton Almeida desistiu tantas vezes, que seria fácil pensar que ele não é cortado do mesmo tecido dos grandes nomes do MMA. Mas perseverar após as adversidades lançadas em seu caminho para se tornar uma das perspectivas mais quentes do esporte pinta um quadro diferente.

“Quando olho para trás em minha vida e me vejo desistir de 2014 e voltar para conquistar o que eu queria, estar aqui na maior promoção do mundo, esse é o meu sonho”, disse Almeida no Trocação Franca desta semana podcast. “Estar encabeçando um card agora e relembrando o que passei, o que vivi, as tristezas e alegrias da vida.”

Almeida cresceu assistindo seu pai Jailton “Malhado” compete no boxe em Salvador, Bahia. Seu tio também estava sempre em um ringue de boxe, assim como seu irmão mais velho, Alexandre. O adolescente magro tinha planos diferentes para sua vida, no entanto. Almeida queria jogar futebol e era um goleiro talentoso. Torcedor do Esporte Clube Vitória, de Salvador, Almeida resolveu tentar a sorte e se candidatar a uma vaga nas categorias de base para um dia vestir aquela respeitada camisa rubro-negra.

“Fui a Vitória fazer um teste e deu certo, me aprovaram”, disse Almeida. “Mas houve uma reunião lá e um homem da comissão técnica disse: ‘Rapaz, você é um bom goleiro, mas o problema é que você não tem um técnico. Se você conseguir R$ 10.000, a gente consegue pelo menos um gerente para você continuar treinando no clube.’”

A “ super animado” Almeida correu para casa para contar a boa notícia ao pai, apenas para descobrir que seu sonho estava fora de alcance.

“Onde estou Eu vou pegar esse dinheiro, meu filho?” perguntou o pai de Almeida, desapontado.

O pai de Almeida, boxeador e treinador, simplesmente não tinha dinheiro para permitir que seu filho treinasse futebol, então Almeida “desistiu” pela primeira vez na vida. O jovem já treinava jiu-jítsu ocasionalmente na época, de graça já que frequentava a escola onde seu pai ensinava boxe, então decidiu focar nisso.

Jailton Almeida
Júlio Bomfim

Seu treinador de jiu-jitsu sugeriu que Almeida fizesse uma luta de MMA alguns anos depois, uma ideia que mudou para sempre sua vida.

Almeida estava lutando por um tempo e já testou as mãos na academia, então se sentiu pronto. A data foi marcada — 29 de setembro de 2012 — e Almeida parou o adversário com um mata-leão logo no primeiro assalto. Após mais uma luta e outro mata-leão dois meses depois, Almeida estava animado com a perspectiva de se tornar uma futura estrela do UFC, mas uma tragédia atingiu sua família.

“Meu irmão mais velho desapareceu em 2012”, disse Almeida. “Acho que foi pelo caminho que ele escolheu seguir. Existem dois caminhos na vida, o bom e o mau, e em vez de optar pelo bom, aconteceu isso.”

Almeida conta que seu irmão se envolveu com bandidos locais e nunca mais foi visto após entrar em um carro em 2012. “Nunca superamos uma perda como essa”, disse Almeida. “Acho que a [realidade] caiu para minha mãe de que nunca mais o encontraremos. Minha história é muito parecida com

Vitor Belfort. Já lá vão 11 anos. Fica na sua cabeça, você fica se perguntando se ele ainda está vivo ou não, que talvez ele esteja demorando e um dia volte. Pensamos em muitas coisas. Você tem aquele ponto de interrogação na cabeça, não consegue pensar em nada.”

Levou três anos para Almeida finalmente entrar em uma jaula de MMA para competir novamente. Ele finalizou o adversário com outro mata-leão em um show local na Bahia, mas sua desgraça continuou – Almeida não recebeu sua bolsa e mais uma vez decidiu largar o esporte e seguir outra carreira.

“Nosso esporte não é valorizado em nosso país, disse Almeida. “O esporte estava crescendo quando comecei e todos queriam promover eventos de MMA. Eles lhe ofereceram algum dinheiro, mas no final pagaram apenas o suficiente para colocar gasolina no carro e voltar para casa. Eles não pagaram pela sua comida durante a semana da luta, eles colocaram você no pior hotel da cidade – e foi aí que eles até ofereceram um hotel.

“Uma vez tive que tirar dinheiro do bolso para viajar e lutar. Uma noite, coloquei minha cabeça no travesseiro e disse: ‘Não posso mais fazer isso’. Eu trabalhava como segurança e tinha que pagar para alguém cobrir meu turno para que eu pudesse viajar e levar um soco na cara de graça, ou até mesmo pagar para levar um soco na cara. Eu não esperava assinar com o UFC depois de uma vitória ou algo assim, era um longo caminho pela frente, então parei.”

Almeida não era o corpão que é hoje. Na verdade, ele lutou como meio-médio na época. Ele recebeu uma oferta de trabalho como personal trainer em uma academia local e começou a ganhar mais dinheiro do que nunca, mas ainda sentia falta de dar um soco na cara das pessoas.

O gerente de Almeida, Leo Pateira, não podia ficar de braços cruzados e disse ao jovem candidato: “ Você tem muito potencial, cara. Você não pode desistir.”

Almeida voltou ao MMA meses depois, mas desta vez perdeu de forma devastadora. Uma derrota por nocaute em 16 segundos para Tyago Moreira atrapalhou sua carreira, um revés brutal que mais uma vez o fez pensar em desistir do esporte.

“Comecei a chorar, pensei em parar de novo”, disse Almeida. “Eu estava tipo, ‘Eu não posso mais fazer isso’. Muitas coisas passam pela sua cabeça. Aconteceu tão rápido. Eu era um grande favorito para vencer e depois perder assim, em segundos.” Yuri Moura, treinador principal de Almeida na época e agora, sentiu que seu aluno estava se afastando do esporte e temia perder um jovem tão talentoso atleta.

“Garoto, conhecemos um campeão na derrota”, disse Moura a Almeida. “Você vai voltar para a academia na segunda-feira para treinar. Se você realmente quer isso, depende de você e somente de você.”

Almeida voltou para casa com o coração partido por uma “derrota inexplicável”, mas voltou ao ginásio na segunda-feira para treinar.

Ele venceu novamente na luta seguinte, perdeu na decisão logo depois, mas depois iniciou uma seqüência de oito vitórias consecutivas no Brasil. Almeida disse ao MMA Fighting na época: “Não sobrou nada. Me dê uma oportunidade de mostrar meu trabalho [no UFC].” Ele até acompanhou seu leal companheiro de equipe

Carlos Felipe a um dos shows do UFC Fight Island em Abu Dhabi para ter a chance de conhecer os matchmakers do UFC Mick Maynard e

Sean Shelby pessoalmente, e a chamada finalmente veio para a promoção

Contender Series.

“Meu sonho se tornou realidade. Se o mundo acabar hoje, eu morro feliz. E as coisas só estão melhorando”, disse Almeida. “Eu digo às pessoas o tempo todo, [desgosto] acontece o tempo todo. Faz parte do esporte. Você vai pensar em desistir, mas não desista. Você vai sofrer, mas não desista.”

O homem que um dia sonhou em jogar pelo Vitória agora tem seu nome entoado pelos torcedores de futebol mesmo não chutando uma bola para uma vida. Com 18-2 no MMA ao se aproximar de seu 32º aniversário em junho, Almeida está prestes a entrar na maior oportunidade de sua vida no sábado – sua primeira luta principal do UFC contra Jairzinho Rozenstruik no UFC Charlotte.

Um veterano peso-pesado contundente, Rozenstruik nunca havia batido antes em sua carreira. Mas Almeida sabe uma ou duas coisas sobre desistir – ou, neste caso, forçar outros homens a fazê-lo.

Photo via Jailton Almeida

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